sábado, 10 de abril de 2010

Francha Desbravadora

Existe um tipo muito específico de lésbica – a fancha desbravadora. Seu espírito é essencialmente aventureiro, movido a desafios. Costumo dizer inclusive que a fancha desbravadora não gosta de mulher; gosta é de dificuldade.

Para começar, não é nada fácil ser uma mulher que procura outra mulher para se relacionar. Na selva em que vivemos os espécimes se camuflam, e encontrar um amor às vezes torna-se algo até meio desgastante. Afinal, há muitas mocinhas por aí de cabelos curtos só para confundir a gente. Mas para a fancha desbravadora apenas descobrir outras fanchas não é desafio que baste.

O que ela gosta é da adrenalina da conquista. E quanto mais difícil a empreitada, melhor. Sua preferência? Mulheres heterossexuais, claro. A isso se adiciona um ou outro fator complicador: ser a chefe, ou a estagiária; uma prima distante; a ex-namorada de um grande amigo (ou até mesmo a atual); a vizinha mãe solteira.

Alvo escolhido, a desbravadora se arma de suas minuciosas estratégias de conquista. São movimentos quase imperceptíveis, calculados e extremamente precisos, para que se consiga a confiança da presa. No lugar da paquera, a amizade. Mimos, cortejos discretos, dedicação, presença – táticas agressivas disfarçadas de carinho. A paciência é sua principal virtude, e aos seus planos de identificação da vítima, aproximação e captura costuma dedicar um tempo que nenhum outro tipo de sapatão dedicaria. Cada missão pode durar semanas, meses, anos, enquanto a proposta básica da sapata padrão consiste em iniciar qualquer relacionamento em questão de dois minutinhos.

Objetivo alcançado, não raro a fancha desbravadora se desmotiva. A sensação de dever cumprido a faz desejar novas aventuras e conquistas. Mas, para a felicidade das demais sapatões, a fancha desbravadora de tempos em tempos presenteia o mundo com uma lésbica recém-convertida. Então… viva ela!

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