domingo, 20 de junho de 2010

Casos

Depois do artigo “Vandalismo na Balada”, ficamos de escrever um sobre as gafes cometidas pelos estabelecimentos GLS no atendimento, os mesmos que são vítimas de alguns clientes mal educados mostrados na matéria citada. Não é revanchismo, apenas o outro lado da moeda, não da mesma, mas de uma que pouca gente comenta no meio abertamente.

Para começar, uma balada GL “S” tem que ser ao menos Simpatizante, e algumas casas contam com profissionais, e às vezes com os próprios donos, que destratam os clientes por eles serem homossexuais. Se você não acredita, em uma balada na semana do último reveillon, em um clube de Florianópolis, presenciamos um segurança pedindo para que o nosso colaborador local, o Hugo, não ficasse com seu namorado encostado em seu ombro. Claro que chamamos o dono da festa que prontamente exigiu que a equipe de segurança respeitasse os freqüentadores. Não se repetiu o incidente, mas a instrução deveria ter sido passada com antecedência.
Locais que não trabalham com o público homossexual devem ser avisados sim com antecedência do público que irão ao local no dia do evento. Embora os profissionais devam ser “profissionais”, trabalhar com gays sem aviso pode causar reações adversas, é bom prevenir. É inadmissível, porém, que locais GLS tenham funcionários homofóbicos, esses nem devem trabalhar nessas casas. E a clientela gay deve ser a prioridade. Infelizmente, em algumas casas ditas GLS os clientes gays são vítima de preconceito por parte do público hétero que vai na casa “pela música”.
Em Curitiba, uma tradicional casa perdeu seus clientes gays de tanto que os héteros os importunavam e os seguranças não faziam nada. A casa voltou a ter freqüência gay quando os seguranças passaram a intervir e os donos pararam de idolatrar a clientela hétero, pois diziam a todos que eles consumiam mais e eram mais fiéis. Infelizmente, no mesmo clube alguns clientes reclamaram de serem maltratados pelos funcionários que são prepotentes.
Na verdade, há muito mais problemas de atendimento e administração do que de preconceito em si. Esta semana, uma leitora reclamou da falta de um toldo e excesso de calor de uma casa de Curitiba. Ela contou que chegou ao local da festa e teve que esperar na chuva para entrar, já que havia uma fila quando começou a cair um pé d´água. Ela sugeriu a instalação de toldo, por exemplo, no local e se disse indignada com destrato recebido pelos seguranças, falou que não volta mais no local, que é algo que podemos e devemos fazer.
As filas são as campeãs de reclamações, principalmente as filas para pagar. Outra reclamação é a falta de opção de pagamentos ou mesmo o sistema de fichas, que muitos clientes acabam perdendo o cartão de consumo e são obrigados e humilhados na hora de pagar as taxas abusivas.
Algumas boates têm um cardápio caro demais, outras deixam faltar bebidas ou as servem quente, mais que um problema de organização, é uma falta de respeito. Mas o Procon está aí pra isso e o boca-a-boca também, é preciso fazer valer os nossos direitos, principalmente dentro da própria comunidade.
Furtos dentro de boates gays é quase uma constância, por isso, este problema deve ser encarado como um item de atenção e os clientes devem ter mais cuidado. Claro que ajudaria se as casas colocassem mais seguranças e avisos. Outro item que precisa melhorar, principalmente nas áreas próximas às casas, é a segurança. Uma leitora que pediu para não ser identificada contou que foi abordada em frente a um estabelecimento gay, quando saía, e foi levada sob ameaça de uma faca até um hotel, onde sofreu violência sexual. Este absurdo aconteceu mesmo, já que se trata de uma pessoa de nossa confiança. Indagados no local onde ocorreu o fato do porquê de os seguranças ficarem dentro da casa e não do lado de fora, e nos foi argumentado que eles ficariam vulneráveis a armas de fogo, por exemplo. Neste momento passava um grupo de punks que parecia que ia cometer algum ataque. Infelizmente os clientes ficam vulneráveis e muitos incidentes acontecem nas imediações das boates e bares gays. Em 2005, o editor da revista Lado A, Allan Johan, reagiu a uma tentativa de assalto e teve seu nariz quebrado a 30 metros da porta de uma boate. Detalhe: os agressores estavam dentro da boate gay e eram conhecidos dos donos do local que era hétero. Apesar de registrar boletim de ocorrência, nada foi feito. Mas ele evitou voltar ao local.
Alguns problemas são fáceis de resolver, como o fato de acumular garrafas e latas na pista de maneira que não se consegue mais dançar sem pisar nelas. Um funcionário para limpar a pista seria suficiente para isso. Superlotação, banheiros sujos ou insuficientes, também são reclamações constantes que devem ser sanadas. Por falta de opção, os clientes voltam, mas muitos deixam de ir a um lugar em razão de um mal atendimento ou por não gostarem de alguma insuficiência do local.
Embora não destinado ao público GLS, funcionários de um bar de Florianópolis nas imediações da Universidade Federal agrediram covardemente cinco jovens, no final de 2007, em razão de desentendimento com o valor da conta e por suposto vandalismo praticado do grupo no banheiro de estabelecimento. Seja o que tenha ocorrido, nada justifica a violência contra um cliente. O bom senso deve prevalescer sempre.
O cliente gay é exigente demais, mas na maioria dos casos ele tem razão. O atendimento é quase sempre grosseiro e as casas não melhoram alguns itens que são relatados no final de cada noite pelos próprios freqüentadores do lugar, o que caracteriza mais uma falta de respeito em si. É preciso paciência para lidar com um público que já sofre muito durante o resto do tempo e quer ser tratado de maneira respeitosa. O gay gosta de se sentir especial, é uma necessidade inerente, por isso, é preciso ter excelência sim para trabalhar com este público. O gay é moderno, por isso, é necessário inovar e acima tratar bem, pois somos clientes e nosso dinheiro é tão bom quanto o dos outros.

____________________________________________________________________________
 
Mais um incidente na antes cheia de glamour Rua 24 horas. Ponto turístico da capital paranaense, que um dia ostentava a suposta vanguarda de ter uma rua de funcionamento interrupto. Hoje, não passa de um bando de botecos e ponto de encontro de perdidos da madrugada.

O local deixa a desejar em segurança, poucos pontos abertos durante os horários mais tardios e nenhuma beleza e manutenção. A Rua, decadente, é ponto de encontro de usuários de drogas, transeuntes, desabrigados e, claro, de pessoas decentes, moradores da região, que ficam sem opção de lugar para lanchar após as 22h. Existem, também, os turistas, enganados pelas belas fotos dos postais da cidade que mostram um lugar moderno e seguro.
Gays são comumente discriminados no local, muitas vezes por skinheads e homofóbicos e não obstante pelos próprios funcionários do lugar. A Guarda Municipal, instalada em um posto ali dentro não consegue manter a ordem na galeria que ocupa um ponto imobiliário valorizado mas que não tem mostrado mais nenhum retorno positivo para a cidade.
Dois jovens universitários, namorados, saíram na noite do último sábado, e marcaram encontro com amigos na Rua 24h. Sentaram em um dos bares da Rua, bebiam chope, conversavam, e esperaram os amigos. Interpelaram o mesmo garçom que os havia atendido se haveria algum tipo de petisco. O garçom afirmou que não. Não satisfeitos e incomodados com o fato do estabelecimento não oferecer nada para comerem, pediu o cardápio. Ao contatar que havia no menu uma carta de porções de petiscos, solicitou a presença do outro garçom do lugar que escolheram e criticou a atitude do outro atendente.
“Este garçom não serve para trabalhar aqui, você deveria demiti-lo, pois ele não sabe atender pessoas com presteza.” O garçom, ao invés de esclarecer o ocorrido, passou a retrucar os clientes: “No mínimo vocês devem ser paranaenses, pois eu sou carioca”. Em seguida aconteceu bate- boca entre as partes: “Eu sou nordestino estou aqui somente para fazer o meu mestrado e o meu amigo é de Blumenau. Achávamos que Curitiba era a cidade modelo Brasil, que tantas pessoas falam, mas estou decepcionado”. Passando do insensato para o surreal, o servente passou a ameaçar, xingar e chamar para briga o casal de namorados.
Retrucando as ofensas, um dos rapazes devolveu a ofensa proferida à sua mãe, já que, no Nordeste, falar mal da mãe do outro é coisa séria. Então, o garçom passou a agredir um dos rapazes, acertou um soco lateral em seu rosto, enquanto o outro separava a briga, levando o funcionário abalado para dentro do bar, apartando a confusão.
O rapaz envolvido na briga foi para casa enquanto os amigos e o companheiro ficaram no local aguardando a polícia. O garçom afirmou que o rapaz o chamou de negro, fato que o universitário nega veementemente , por vir do Maranhão, onde negros são maioria da população. A Guarda Municipal ainda ajudou a safar a cara do garçom, afirmando que ele estava sendo incomodado em seu trabalho.
Chegando a esta conclusão, sem mesmo ter presenciado a cena. Pois, no momento da briga, o posto da Guarda que ficava há poucos 50 metros dali estava vazio e uma cliente, amiga dos rapazes, foi até o posto da PM, na Praça Osório, pedir socorro.
Este rapaz foi mais uma vítima do preconceito. Não sei se por ser nordestino, ou por ser homossexual, já que os trejeitos e pronuncias podem entregar muitos gays - mesmo que eles não queriam. Fico indignado por ser mais um caso de violência dentro de um local público, que ainda tem a colaboração da omissa guarda municipal. Mais uma vez.
Já denunciamos diversos casos mais explícitos de violência contra gays em razão da orientação sexual. É preciso um basta. É preciso preparo dos servidores públicos, dos comerciantes, daqueles que conseguem um alvará de atendimento (vale verificar a autorização deste estabelecimento, já que o dono do bar mudou há pouco tempo). É preciso que a Prefeitura se sensibilize, os senhores vereadores, deputados, e criem uma lei que proteja os homossexuais. Basta de violência! Basta de incompetência! Curitiba está em ruínas, uma cidade-fantasma, onde sobraram as pessoas, e se foram as almas. Pessoas sem coração.

_______________________________________________________________________________

 
Na semana passada, dois rapazes gays estacionaram o carro no Parque Barigui para namorar, local de lazer famoso de Curitiba, próximo a uma rotatória em uma zona residencial, por volta das 22h da noite, quando uma moto da polícia militar estaciona ao lado e o oficial tenta ver o que se passa no interior do veículo. Um deles abaixa o vidro para falar com o policial quando escutam a seguinte frase: “Puta que pariu, não acredito, duas bichas... acabaram com a minha noite”.

O jovem policial tenta entrar em contato com a central e ameaça rebocar o carro, além de prometer fichar os dois. “Viado idiota, tem que se ferrar, por causa de 40 reais que economizaram do motel” teria dito o policial que estava com o rosto tampado por causa do frio, por um gorro sob o capacete, segundo uma das vítimas. “Bichas burras”, teria dito ainda o jovem PM que solicitou uma viatura de reforço, sem sucesso. Os rapazes negam que estavam em conduta imprópria. O policial ameaça solicitar imagens de uma câmera próxima ao local. Com medo, um dos rapazes tenta contornar a situação e o policial entende como uma proposta indecorosa.
Com resposta negativa da central, sem conseguir contato pelo rádio, o policial chuta a porta do carro e intima: “sumam daqui seus viados”. Os dois rapazes que trabalham em uma multinacional saem do local, aliviados de não terem seus nomes envolvidos em um escândalo, mas também indignados com o tratamento recebido do policial e com medo de represálias por causa da placa do carro anotada pelo homem da lei.
O abuso de autoridade fica claro neste caso, bem como a falta de preparação dos policiais militares do Paraná para atender a população gay. Se fosse um casal hétero, a situação seria bem diferente...
Em todo caso, fica o alerta para que os leitores evitem namorar no carro em locais ermos e procurem sempre denunciar fatos como esse. O local, o parque Barigui, é local já batido para problemas com a polícia, que é claramente despreparada para atender os cidadãos homossexuais.





By:Black Óptico

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Vamo comentar?